07/11/2017

Texto: Anna Karla Moura
Foto: Felipe Werneck – Ascom/Ibama (CC BY-SA 2.0)

 

A COP23 começou ontem, 06/11, em Bonn, na Alemanha. Lideranças políticas de quase todos os países estão tomando importantes decisões sobre como enfrentar o desafio das mudanças climáticas. No Brasil, o desmatamento continua sendo um dos principais responsáveis pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE). De acordo com o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa) e o Observatório do Clima, as emissões brasileiras de GEE foram de 2,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2016, o que representa um aumento de quase 9% em relação a 2015, graças, principalmente, ao aumento de 23% no desmatamento. Esse valor chega a ser 70% maior que a meta de emissões para 2020.

Falar em desmatamento zero em um país que tem na agropecuária alguns de seus principais itens de exportação, pode suscitar debates polêmicos. A produção do setor representou 7% do PIB em 2016 e vem tendo cada vez mais importância na agenda econômica nacional.

Nesse contexto, o Instituto Escolhas idealizou e coordenou um estudo para entender qual seria o impacto real do desmatamento zero na economia brasileira. Então, em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), fez a análise de três diferentes cenários que partiam da premissa de que o desmatamento no Brasil só ocorreria nas áreas já abertas para agricultura e pastagens (Desmatamento Zero). O impacto sobre o PIB foi estimado combinando-se uma modelagem biofísica de uso da terra e uma de equilíbrio geral da economia.

Chegou-se à conclusão de que o impacto sobre a economia do país seria mínimo. Significaria uma redução de apenas 0,62% do PIB acumulado entre 2016 e 2030. Isso implica na diminuição de algo em torno de 3,1 bilhões de reais por ano, valor menor que o investido pelo Governo em diversas áreas consideradas prioritárias. Some-se a isso o fato de que não parar o desmatamento também tem alto impacto negativo no PIB e não tomar providências agora pode aumentar ainda mais esse custo.

O estudo foi coordenado por Sergio Leitão e Lígia Vasconcellos, do Instituto Escolhas. A análise biofísica e de uso da terra foi realizada por Gerd Sparovek, da Esalq-USP, que também é presidente da Fundação Florestal, e por Luis Fernando Fuedes Pinto, do Imaflora. A análise econômica foi feita por Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, da Esalq-USP).

Conheça o estudo em detalhes no relatório completo ou no sumário executivo.

O Instituto Escolhas

Fundado em agosto de 2015, o instituto e é uma associação civil sem fins econômicos. Seu objetivo é qualificar o debate sobre sustentabilidade por meio da tradução numérica dos impactos econômicos, sociais e ambientais das decisões públicas e privadas. O Instituto produz estudos, análises e relatórios que têm a finalidade de amparar novas leituras e argumentos que possam superar a polarização ideológica das escolhas conflituosas do planejamento, permitindo a construção de soluções para viabilizar o desenvolvimento sustentável.

 

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